
Falta de segurança, onde tudo começa!
Com o Projeto de Construção!
Lembro que em artigo anterior, comentei muito rapidamente a respeito. Neste comentário, atribuí a responsabilidade as construtoras (não todas obviamente).
Argumentei que de modo geral, a preocupação principal das construtoras fica por conta da “Estética, da Beleza”. Não mudei minha opinião, mas creio não ter feito a lição de casa quando não detalhei melhor a questão. Continuo tendo a mesma opinião, porém, preciso observar o seguinte:
-Se uma montadora projeta, desenvolve e comercializa determinado tipo de veículo; é normal que questões como: Conforto, Economia, Aerodinâmica, Durabilidade....e Segurança, não podem deixar de fazer parte deste projeto, afinal, são estes os itens mais buscados quando se compra um veículo.
Se a montadora comercializa os veículos sem estes requisitos e acidentes ocorrerem em consequência desta ou daquela falta (quando não se tratar de irresponsabilidade do condutor, obviamente), a responsabilidade é automaticamente atribuída a quem fabricou o veículo, não é verdade?
Bem de início, a resposta é sim, mas não é bem por aí...
Se a montadora vende um modelo de veículo no qual ela diz ter isso ou aquilo e isso ou aquilo não vem de fato junto com o veículo, então sim, a responsabilidade é toda dela. Se por outro lado, na descrição técnica não há referência, então não.
CONSTRUTORAS
Com as construtoras não é diferente.
Quando você lê um folheto referente a um determinado condomínio (em lançamento, em obras ou pronto) e no descritivo diz: “com instalação de câmeras, interfones, portão automatizado, cerca eletrificada” mas não usa o termo “oferecemos Segurança total”, a interpretação do nível de Segurança, fica por conta de cada um. Quando quem lê é uma pessoa que não atua com Segurança, de certa forma ela é induzida a acreditar que “seu condomínio é ou está seguro”, mas não está!
Porém, se a construtora usa em suas propagandas o termo “Segurança total” (Se bem que na prática Segurança total não existe), aí sim, é de direito dos futuros moradores cobrarem tudo o que têm direito. O que seria este “tudo o que tem direito”?
Bem, não farei aqui o apontamento de tudo o que compõe um Projeto de Segurança, mas para efeito de esclarecimento, digo que quando realizo um Projeto de Segurança, há um questionário que preencho com 148 perguntas (número que varia de local para local, e geralmente para mais, pois necessidades sempre tendem a aumentar e não a reduzir). Tendo em mãos um Projeto de Segurança, os moradores estão de posse de um Raio X de tudo o que está irregular no local.
Portanto, atribuir responsabilidade e culpa por falta de Segurança só pode ser feito se no descritivo da obra isso é prometido.
Construtoras não são “especialistas em Segurança e objetivo delas é o lucro (o que absolutamente justo, afinal não são entidades de caridade) por isso, sob meu ponto de vista, não deveriam mencionar jamais o termo “Segurança total” por razões já explicadas.
Com tudo isso, o que temos é que quando um condomínio é entregue, começa a Saga dos moradores.
O QUE COMEÇA ERRADO TENDE A TERMINAR ERRADO!
O condomínio é entregue aos felizes compradores e agora?
A primeira assembleia é realizada. Nela, muitas questões são abordadas e uma delas é eleição do(a) síndico(a).
Até hoje, em 40 anos, nunca vi ou tive notícia que o(a) eleito(a) tenha sido um “Consultor de Segurança”. Geralmente os eleitos, são pessoas com as mais diversas profissões, como advogado(a), médico(a), dentista, professor(a) e por aí vai.
Antes de continuarmos permitam-me uma pergunta:
- Se você está com dor no dente, quem você procura? O Advogado? Acho que não!
Pois é, se uma pessoa trata, emite opinião, dá parecer sobre algo em que ela não seja especialista, geralmente ela o faz tendo por base o “Achismo” e costumam ouvir conselhos “de quem não tem a menor ideia do que está falando, mas sempre tem a certeza absoluta”
Fico imaginando, como seria eu tentando ensinar a um dentista, como extrair um dente, “desastre total”.
Vamos continuar!
O(a) Síndico(a) foi eleito(a). O eleito convoca seu conselho e diz, “agora vamos tratar da segurança) e com a ajuda da administradora (que também não sabe nada de Segurança, pois sua função é administrar), decidem o que precisa ser instalado. Quais são os itens que normalmente os novos condomínios instalam?
- Não se pode passar pelo portão de veículos sem controle remoto, não é verdade? (até pode se esta função ficar por conta do porteiro, mas na maioria das vezes não é recomendado). Então precisamos instalar o sistema de CONTROLE REMOTO
- Precisaremos também instalar um sistema de CONTROLE DE ACESSO para os moradores,
- Controle de acesso para visitantes,
- Instalar câmeras,
- Instalar cerca eletrificada,
Pronto é isso. Se você já passou por isso (ou vai passar), preste atenção no que acontece na primeira assembleia e depois me cobre se eu estiver errado.
Gasta-se mais tempo tratando sobre equipamentos a serem comprados para a academia, para o salão de festas, par a brinquedoteca, play ground do que assuntos verdadeiramente relacionados à Segurança. Por que isso acontece?
Primeiro por que não há de fato alguém que tenha conhecimento específico prestando assessoria. Segundo, porque “não há verdadeiramente interesse em se ter Segurança”, pois a preocupação real está voltada para o que cada um pretende comprar para colocar em seu apartamento.
Já ouvi diversas vezes pessoas comentarem que “compraram um apartamento em condomínio seguro, pois lá tem câmeras, cerca e biometria. Sem comentários.
São solicitados os orçamentos e as empresas são escolhidas.
Na grande maioria dos casos, nem sempre é a mesma empresa que instala todos os itens e isso é decorrente do fato de que uma empresa ganha a concorrência para instalar isso e outra aquilo e outra aquilo outro. Empresas diferentes, têm técnicas diferentes e por isso, não há um padrão e neste caso cada uma utiliza a sua.
Nesta fase (fase inicial) começam os erros.
Para justificar esta afirmação vamos usar como exemplo a empresa que vai instalar o sistema de câmeras.
- Supondo que a empresa determinou que 16 câmeras sejam suficientes (ou que ela tenha seguido o orientação do que foi determinado pela assembleia).
Por falta de orientação e de gerenciamento sabe o que normalmente acontece?
- As câmeras são instaladas. O DVR e o monitor são instalados na guarita.
Primeiro Erro: Os equipamentos de gerenciamento, não devem ser instalados na guarita, digamos por dois motivos principais.
- Se os equipamentos de controle do sistema estão na guarita que na grande maioria dos condomínios são pequenas, ou seja, não têm o tamanho adequado e necessário para suportar a instalação de muitos equipamentos, quando houver necessidade da manutenção preventiva ou corretiva, onde o técnico fará isso?
Dentro da guarita, obviamente. Já presenciei casos em que o porteiro precisa ficar do lado de fora, ou na porta, enquanto o serviço do técnico é realizado. Isso não é aceitável.
Mas a situação pode piorar. Imagine que com o passar do tempo, descobre-se que o condomínio “percebe” que precisa de mais câmeras (na realidade, mesmo quando o condomínio é pequeno, a necessidade geralmente está acima das 16 inicialmente instaladas. O que acontece é que a verba é curta, e neste caso, faz-se um “pouquinho” de cada coisa) e neste caso, vamos considerar que precise de mais 24 (número aleatório).
As perguntas são:
- O DVR já instalado na guarita lá não deveria estar. Os novos também o serão?
- Como serão acomodados mais 24 cabos, fontes, conectores, Monitor...
Não há a menor possibilidade, mas acontece. Muitos síndicos por nãos e darem conta do erro que cometeram, geralmente argumentam que “no condomínio não há espaço disponível (em todos os condomínios com os quais tive contato e encontrei este tipo de situação, havia espaço disponível sim!).
Então como fazer? Vamos deixar o DVR já instalado onde está e instalar os novos em outro lugar? Se for assim, então é preciso lembrar que o condomínio terá dois sistemas de câmeras separados, é correto isso? of course not!
Bom, então vamos levar o DVR da guarita também para lá. Isso sim, mas quanto vai custar? Geralmente não é barato, porque dependendo do lugar onde novos serão instalados, vários cabos não conseguirão chegar até lá. Neste caso, será preciso trocá-los.
Perceba que há o custo dos materiais, dos impostos e da mão de obra. Fiz todo este descritivo para mostrar o seguinte:
Onde não há Projeto, não há “Gerenciamento” e onde não há gerenciamento, impera a bagunça a desorganização e custo duplica, triplica...
Tendo-se um Projeto de Segurança, nada disso aconteceria.
Neste artigo, estou citando apenas as câmeras, mas há mais, muito, muito mais e quando digo mais, não me refiro só a exemplos, refiro-me também a mais e mais custos. Só de pensar que algumas pessoas acham (sempre o achismo) que um Projeto custa “caro”...
TUBULAÇÃO, FIOS E CABOS
Se você mora em condomínio, dá uma olhadinha embaixo da mesa da guarita (normalmente é uma placa de mármore presa na parede com buracos feitos com serra copo por passam cabos e fios e estão posicionados interfones, telefones, os rádios, pacotes, correspondências, monitor...).
Em cada 10 guaritas, 11 têm fios e cabos pendurados por todo lado. Isso também é resultado da falta de gerenciamento. Quando o condomínio é novo (recém implantado) a primeira (ou as primeiras) empresa que utiliza a tubulação “nova”, se beneficia de todo espaço nos dutos. As que vêm a seguir, por não encontrarem espaço disponível na tubulação, passam fios e cabos com “enforca gato”, “cola de bastão”, “miguelão” e por aí vai.
Há casos em que a situação está tão complicada que não se encontra empresa disposta a reparar, a organizar todo o emaranhado. Quando se encontra, é necessário pagar o que pedem, não há alternativa. Sem contar o fato de que além dos altos custos, há os inconvenientes que este tipo de reparo trás, pois muitos sistemas param de funcionar, para que os técnicos possam “colocar a mão na massa” (literalmente massa de fios e cabos), muitos equipamentos precisam ser desligados. Tudo isso seria evitado, se houvesse gerenciamento.
Já que as administradoras não entendem de Segurança e não tem a obrigação de entender, elas poderiam ao menos sugerir a síndicos e sindicas que contratem um profissional de segurança para assessorá-los e neste caso, não importa se estamos tratando de condomínios novos ou antigos.
Como mencionei em artigo anterior: “o fato de você desconhecer a existência de uma lei, não o faz inocente”.
As administradoras, não entendem de Segurança, mas têm conhecimento de que ter Segurança é imprescindível e como empresa que cuida, que zela de condomínios, o mínimo que podem fazer é alertar seus clientes a respeito. Isso, além de ajudar seus clientes, agrega valor ao seu portfólio.
Portanto, se um condomínio que ter “elevado nível de Segurança”, é preciso que saiba: “Isso não será possível sem a ajuda de profissional qualificado”. Contratar um Projeto, evitará tanto que o condomínio deixe de “comprar coisas” que não precisa, como “não deixará de adquirir o que é imprescindível”.
Por tudo isso e mais, se você é Sindico(a) recém eleito(a) e que vai comandar um condomínio novo ou não, faça o certo pelo certo.
Peça a ajuda de um profissional “Qualificado”. Caso contrário, você também arcará com o Ônus”. Dizem que Síndicos e Síndicas têm “ônus e bônus”. Bem, sem assessoria, o “ônus” você já tem.
Espero ter ajudado de alguma forma.
Antonio Roque
Consultor de Segurança Condominial e Empresarial