Algumas espécies de aves utilizam a formação “V” para longas jornadas.
O objetivo, é possibilitar que as aves que vêm logo atrás, tenham o menor impacto possível do ar, e, portanto, gastem menos energia para se deslocarem. Depois de um tempo à frente do “Projeto Migração”, para que a primeira ave da formação também possa se beneficiar deste “gastar menos energia”, ela vai para o fim da fila e a alternância ocorre sucessivamente...
Este comportamento pode servir de analogia para a função Síndico (a) (ser ou estar síndico). O síndico (a ave Líder) assume a administração durante um tempo (tempo de mandato), depois sai, dando lugar a outro morador (a nova ave Líder).
A “formação V”, nos mostra o quanto é importante, é imprescindível que quando estamos diante de um grupo e este grupo precisa tomar decisões que afetam (pelo Bem ou pelo Mal) a todos, todos precisam abrir mão de alguma coisa para que se chegue ao melhor resultado “possível” e se não houver cooperação, coparticipação, não se chegará a um resultado que beneficie a todos (ou ao menos a maioria).
Em grupo, é praticamente impossível se chegar a um resultado que agrade a 100% dos envolvidos, pois a exemplo do jogo da vida, “ as vezes se perde e as vezes se ganha”.
“Colaboração e o Bom Senso” são quesitos indispensáveis e devem ser oferecidos para que o (a) Síndico (a) possa desenvolver um trabalho de “ponta”.
Síndicos(s) doam-se por inteiro e em muitos casos, nem isentos da taxa de condomínios são. Não passam mais tempo com a família porque mesmo em momentos de “folga” estão envolvidos com alguma coisa relacionada ao condomínio (geralmente problemas...)
Durante o tempo em que o (a) Síndico (a) “comanda”, muitas providências são adotadas (e muitas não) e por todas, são juridicamente responsáveis. Isso por si só já é um grande problema, pois sempre há contra ele(a) o inimaginável e o imponderável. Como já mencionei em artigo anterior, todo e qualquer condomínio, tem pelos menos um CONDEMÔNIO ou CONDEMÔNIA (geralmente tem mais...) e estes, já vem de fábrica com a Soberba no DNA. Não são capazes de fazer melhor e só fazem criticar e todos sabemos que a crítica é uma excelente conselheira se o objetivo é aplaudir ou vaiar, mas a crítica apenas pela crítica, é pura “Imbecilidade”.
Quando há o envolvimento de muitas pessoas em um “Projeto” seja ele qual for e de que nível for, cada apoio que o(a) Líder recebe, cada ajuda que lhe é oferecida, cada palavra de motivação que a ele (a) é dirigida, só vêm a acrescentar tanto para quem ouve quanto para que a profere (mais para quem a profere porque mostra grandeza de caráter) e isso certamente aumenta a “Motivação” para a continuidade de se realizar um bom trabalho.
Contudo, infelizmente, não é o que se vê na grande maioria dos condomínios. De modo geral, condôminos atribuem ao (a) Síndico (a) a culpa por tudo o que acontece de errado. Um exemplo disso (péssimo exemplo) é quando o morador ao sair, deixa o portão aberto (seja o social seja o de veículos) e pessoa sem relação com o condomínio, entra.
Quem deixou o portão aberto foi o (a) Síndico (a)? Óbvio que não, mas o(a) culpado(a) é o Síndico(a) que não está no condomínio para ver o que acontece...como?
Um exemplo clássico da dificuldade que Síndicos e Síndicas têm para aumentar o nível de Prevenção; é quando leva para a Assembleia, por exemplo, duas questões onde apenas uma será aprovada. A primeira; é a contratação de um Projeto de Segurança/Prevenção que é uma providência “Imprescindível” em qualquer condomínio e a segunda é a troca de um freezer que está quebrado no salão de festas. Após todas as deliberações, o(a) Síndico(a) pede para levantar a placa verde para o Projeto e a Vermelha para a troca da geladeira. Resultado (26 pessoas presentes), 21 placas vermelhas levantadas!
O que poucas pessoas têm por preocupação é que o “pássaro líder” é juridicamente responsável por muitas coisas que acontecem no condomínio, mas não será responsabilizado pelo portão aberto ou por alguém que fica buzinando na frente do portão porque esqueceu o controle remoto e não arreda pé enquanto o portão não for aberto.
Por este e por muitos outros motivos, minha sugestão para Síndicos e Síndicas é que pensem em contatar um Consultor de Segurança (que não precisa ser necessariamente quem vos escreve) e solicite orçamento para um Projeto de Segurança. Componha uma “Comissão de Segurança” para dividir as responsabilidades, assim, haverá menos carga (menor volume de ar para a ave líder) e desta forma, será possível desenvolver um trabalho de melhor qualidade. Além disso, há que se considerar que dividir responsabilidades é algo que vai muito além do que é obrigatório; é “Inteligência”. Leve esta proposta para a Assembleia e se isente de responsabilidades por falta de pro-atividade dos moradores. Não seja responsável pela irresponsabilidade dos outros. Faço este alerta, porque já fui síndico e não fosse o fato de ter submetido uma Proposta de Projeto em assembleia, teria arcado com uma indenização de milhares de reais, fato.
“Não é aceitável que moradores (aves que compõem o resto da formação “V”) fiquem com os bons sonhos (tenham menor volume de ar para enfrentar e assim possam se deslocar mais facilmente) e queiram dividir com a “Ave Mor”, apenas os “Pesadelos”.
Não se pode esquecer que “Síndico ou Síndica” não são donos do condomínio. Via de regra (na maioria das vezes), digamos que sejam proprietários de “uma unidade” (perdoem-me pela redundância) habitacional e porque jogar para ele (a) a responsabilidade da falta de Colaboração e de Bom Senso de algumas pessoas?
Não colaborar com a Segurança ou Negligenciá-la como vejo todos os dias, é atirar no próprio pé. Ainda que o(a) Síndico(a) seja norteado pela pré-concepção de que um Projeto de Segurança tenha poucas chances de passar na Assembleia (que é Soberana), ele(a) deve “inadiavelmente” colocá-lo na pauta, pois se de fato não for aprovado, não haverá pesadelo (nem prejuízo).
Como diz o ditado “Peça a Deus, mas amarre o seu cavalo”.
Morador faça sua parte, participe, ajude, respeite, compreenda, colabore e use o bom senso, afinal, estas são atribuições inerentes ao ser humano ou são das aves?
Finalmente,
Faço referências a Projeto de Segurança, não pelo fato de ser algo com que trabalho pura e simplesmente. Venho ao longo dos anos, tentando mostrar de forma totalmente profissional e isenta, a gerentes, gestores prediais, síndicos e síndicas (orgânicos e profissionais) e a moradores que a forma mais eficiente (não necessariamente a única) de se obter elevado nível de Prevenção é ter conhecimento amplo e detalhado de todas as situações (fragilidades) que oferecem “Facilidades e Oportunidades” aos Meliantes, afinal é isso o que eles tanto buscam. Com o Projeto fica mais identificar e Mitigar os Riscos.
No quesito Segurança, ser “Proativo” não é uma opção, é um dever. Infelizmente, o que caracteriza condomínios (neste caso refiro-me aos moradores, pois são eles que decidem o que será feito ou não) é o oposto. Em segurança, ser "Reativo", não é uma opção.
“Quando não se faz as coisas da forma correta, a tendência é fazê-la outras vezes e neste caso, os custos e os Riscos só aumentam.
Por tudo isso e muito mais que virá nos próximos capítulos, minhas sinceras homenagens aos Síndicos e as Síndicas que assim como eu, em muitas oportunidades não conseguem realizar um trabalho a contento, não por incompetência ativa ou passiva, mas por obstrução.
Síndico(a) Amigo(a) faça sua parte é se livre por inteiro(a) das chances de ter problemas com a Justiça.
“O(A) Síndico(a) é um administrador que mesmo com todas as contas ajustadas, tem sempre alguém querendo ajustar as contas com ele(a)” (José Coutinho).
Antonio Roque
https://bit.ly/AntonioRoqueConsultordeSegurança
Consultor de Segurança para assuntos condominiais
Projeto de Segurança não é despesa; é investimento em você e em sua família.
A partir do próximo artigo, darei início a questões específicas de Segurança
Saúde, Paz e Prosperidade a todos