
Antes de mergulhar no assunto “Open Condos”, quero passar para vocês um pouco do conceito do Open Banking ou Open Finance. Durante a leitura, te convido a ir pensando em paralelo e comparando o atual modelo de acesso aos dados dos condomínios que você necessita para obter informações dos boletos e balancetes.
O Open Banking ou Open Finance é um sistema “aberto” e compartilhado entre as instituições financeiras (não se limita apenas a bancos, mas também a seguradoras, empresas de investimentos) que possibilita descentralizar informações financeiras e permite que os clientes possam escolher que solução usar, mantendo sempre o controle dos seus dados.
Ao ir de uma instituição bancária para outra, o cliente “perdia” o histórico, o que era um ponto de desvantagem.
Com o Open Banking, os dados são transportados de uma instituição para outra, o histórico não é perdido e o relacionamento com o novo banco não começará do zero. Você poderá acessar o banco “I” e trazer do banco “B” ou “S” seus dados cadastrais, as transações feitas e até acessar os dados de outras contas, por exemplo, extratos em um mesmo ambiente.
Desse modo, imagine que você pode, pelo aplicativo do banco “I”, incluir um registro para fazer a transação de um PIX e acessar o app do banco “B” só para fazer a confirmação. Ou ainda, no aplicativo “I” ter informações consolidadas sobre investimentos, seguros, previdência privada e empréstimos, mesmo que esses produtos estejam no banco “B” ou “S”. E todos esses processos têm um período de validade, isto é, você pode informar ao banco que quer que essas operações interligadas fiquem ativas por um prazo e que, após este, a autorização tenha que ser dada novamente.
Pronto. Avaliando essas informações e, se você levou à risca meu pedido, olhou para o mercado de condomínios conjuntamente.
Se os bancos estão utilizando a segurança de ferramentas de comunicação entre eles com uma tecnologia chamada API (interface de programação de aplicativos) que, resumidamente, é a possibilidade de sistemas conversarem entre si, sem que uma pessoa tenha que atuar nessa conversa, por que empresas de tecnologia para administradoras e condomínios não podem usá-la?
Vamos analisar uma situação muito comum no nosso mercado: atualmente você possui imóveis em condomínios diversos que são gerenciados por administradoras diferentes, com sistemas diferentes. Se você gosta da experiência entregue por uma administradora pelo aplicativo dela chamado aqui de “app A” que, no seu ponto de vista, é mais fácil de usar, por que os dados do aplicativo “app B” (ou da administradora B) não podem ser vistos pelo aplicativo que você mais gosta, sem a necessidade de ter várias senhas e vários acessos para ter informações diferentes? Já pensou na situação de uma imobiliária, que tem inúmeros imóveis, de vários locadores e locatários, em um monte de condomínios, com administradoras diversas, quantos controles devem possuir? Para o imóvel do fulano, a administradora é a Y e o usuário e senha para obter um boleto de condomínio ou para consultar balancetes é X. Já para o imóvel do beltrano, a administradora é outra e os usuários e senhas são diferentes. Multiplique por 5, 10, 50 imóveis. Quantas anotações e quanto tempo gasto por pessoas para obter informações de condomínios e administradoras diferentes!
Outra situação também recorrente são apps diferentes serem usados no mesmo condomínio. Muitas vezes, um usuário tem que ter acesso a um app financeiro entregue pela administradora, outro app contratado diretamente pelo condomínio para consultar reservas ou acompanhar detalhes operacionais e outro app fornecido pela terceirizada de mão de obra para consultar entradas e saídas do condomínio e da sua unidade.
E se são dois condomínios, pode ser que esse número de apps aumente em até o dobro de instalações. E se forem 10 condomínios?
Agora, já pensou se você tivesse na mão um super app, para consultar várias unidades, de vários condomínios, referentes a vários produtos entregues por administradoras, ou por empresas que controlam a portaria e, ainda por cima, ter neste mesmo ambiente acesso a informações bancárias devidamente autorizadas pelos bancos? E receber por um único APP notificações de que o boleto do condomínio de todas as administradoras irá vencer, mas também receber mensagem do banco informando que seu seguro está prestes a vencer ou, ainda, entregar para você a variação de rendimentos no mercado de ações, além claro da facilidade de saber que existe uma encomenda para retirada na portaria quando você estiver chegando no condomínio.
Mas, vou te contar aqui a verdade do mercado atual: infelizmente os apps voltados para condomínios e administradoras de condomínios se enxergam como inimigos e deveriam começar a pensar como bancos. As instituições bancárias se ajudam (e se ajudam muito internamente em transações que nem sempre sabemos) e deveriam servir de modelos sustentáveis de negócio. Os apps deveriam pensar no cliente e em sua satisfação e possibilitar que ofertas e usabilidades melhores fossem entregues. E além do morador, imagine que a administradora poderia ter o histórico do morador, extrato dos seus pagamentos de boletos, seus hábitos de pontualidade e quem sabe até, os pontos acumulados por ter pago os boletos em dia.
Um dia, em um mesmo ambiente, eu espero ver administradoras de condomínios colaborando entre si e permitindo que seus sistemas se comuniquem com segurança e produtos financeiros sejam acessados por um super app “Open Condos”.
Revisão ortográfica: Andreia Fontenele